quarta-feira, 15 de agosto de 2012

2ª Etapa: Grândola - Praia da Galé

Grândola - Praia da Galé (10.08.2012)

Recompostos fisicamente, há que recomeçar, até porque estávamos desejantes de começar a etapa (oficial) da Rota Vicentina, em Santiago do Cacém. Mas antes, a vontade de chegar à praia e dar um belo mergulho no mar era o objectivo.

O posto de turismo e a biblioteca são óptimos lugares para os viajantes. Diria até, essenciais.

Saímos ao final do dia (vinte horas), em andamento calmo, doseando o esforço para não prejudicar o que estava aparentemente curado. Sabíamos de antemão que a etapa previa a subida da Serra de Grândola. Era o primeiro percurso que implicava luzes, coletes sinalizadores e provavelmente a utilização de corta-ventos.
Assim foi, ao fim dos primeiros kms, colocar os devidos apetrechos, excepto corta-ventos.

A paisagem era já diferente da anterior, mais verde, mais castanha, com cheirinho a terra molhada e a pinho, a serra...

Para não subir tanto em caminho serrano, porventura mais interessante, mas igualmente mais duro, seguimos pelo IC33. Não foi "pêra doce"; foram 7 kms sempre em subida constante. A vantagem é que tínhamos espaço na berma, contrariamente aos caminhos mais pequenos - que são mais arriscados por não terem espaço nas bermas; e muitos dos nossos automobilistas não respeitam a devida distância; talvez desconheçam que a sua velocidade ao ultrapassar uma bicicleta provoca desequilíbrio na mesma (há que dizer que são mais os que respeitam do que os que não respeitam) -, o espaço na berma, permitiu que fôssemos a conversar lado-a-lado, enquanto ía anoitecendo...

Chegámos finalmente ao fim da subida. A seguir, desvio para Melides e uma descida, ou melhor, um conjunto de descidas fabuloso; de cortar a respiração! Quanto a mim, cortava a respiração duplamente. Primeiro pela emoção fantástica da velocidade atingida e segundo porque só pensava que não tinha muita visibilidade, que estava noite cerrada, e que qualquer bichinho ou "bichão" se poderia atravessar na estrada; já tinha visto pequenas lebres. Caso algum deles resolvesse passear naquele momento pela estrada fora seria um acidente digno de abertura de telejornal. Escusado será dizer que o Eduardo adorou (vinte minutos a descer a 40 kms/h), e só não abusou, porque sabia que me devia acompanhar. Um excelente companheiro de viagem, a pôr em prática tudo o que aprendeu em casa e na escola (na disciplina de Educação Física).

Em Melides, tudo era festa! Só se ouvia música de baile de aldeia, alto e bom som. Soubemos mais tarde que era a "Festa do Churrasco"... "Se eu soubesse! disse o Eduardo."

Passámos muito rápido, à procura das indicações do Parque de Campismo da Galé para o qual já havíamos ligado a saber se tinham vaga e se esperavam por nós. Garantidamente, foi a resposta. Menos mal.

Encontrada a placa. Siga. Mais à frente a pergunta que se impunha - pois eram já eram vinte e uma horas -, se íamos bem? se o parque estava longe?; pelas nossas contas não devia estar muito distante. "Sim, vão bem. Agora seguem esta estrada e viram na primeira à direita. Mais uns 5 ou 6 kms e estão lá". Seguimos.

Ao fim dos tais kms, vemos um parque de campismo, também em festa. Mesma música, muito cheiro a churrasco, muita gente, mas... não era o parque que queríamos!! Céus! Era uma coisa digna de ser vista! Parecia que estávamos na feira popular!

Bem, devido ao adiantado da hora pensámos que talvez ficássemos por ali. Mas, qual quê, nem vendo que estávamos de bicicleta e não de carro, e já muito cansados. "Nada. Não temos espaço. Não podem ficar. O parque que têm mais próximo é o da Galé... a 20 kms talvez... voltam para trás, viram à esquerda, apanham novamente a estrada de Melides e seguem para cima, em direcção à Comporta."
Por um lado, apetecia-nos estrangular o indivíduo mas por outro, não nos apetecia aquela festa toda. Aquele barulho e cheiro intenso a carne grelhada e fumo.

Lição nº 1: desconfiar da primeira informação que nos dão ou que surge, quando estamos cansados e ansiosos de chegar.

Fomos perguntar a outras pessoas. Lição aprendida.
Pedalámos para trás. Passámos por Melides novamente. Eram já vinte três horas! Novo telefonema para o parque. Sem problemas, chegássemos a que horas fosse. Sempre a subir, sempre a subir. Os joelhos acusavam já o cansaço. Com o engano, pioraram um pouco, mas há que continuar. Precisávamos de abrigo.
Mais uns 18 kms e chegámos. Uma descida vertiginosa para entrar no parque.
Finalmente...

O Parque de Campismo da Galé é enorme. Situa-se no meio de um pinhal todo desnivelado, e de onde é possível quase sempre avistar o mar. Tem boas condições e, segundo nos disseram estava a meio-gás. Para nós, tinha já uma boa lotação. Mais seria estragar. Mas é a crise, dizem.
Isto de pedalar é fantástico. Ficamos mesmo encantados com a nossa capacidade física e mental. É extraordinário! Cheguei estoirada, quase não podia com a bicicleta mas após o banho, parecia nova. Os joelhos não doíam. Pelo sim pelo não, mais pomadinha para prevenir. Os dois dias seguintes eram de repouso e PRAIA!!



(Encontámos computador e net mas não é possível passar os desenhos do Eduardo e as fotos já tiradas. Mais à frente, em Odemira talvez se consiga. Paciência...)

Texto: Susana Morais

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